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Foro internacional y transversal de feminidades - Eva Colectiva. CONVOCATORIA | Foro

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Eva colectiva

 


Confinamento como janela para o mundo e a alma

 

Marcella Anversa

Brasil

 

Fui convidada pela querida Carol – assim que a chamamos de forma carinhosa aqui no Brasil – a dividir e multiplicar pensamentos juntamente com outras mulheres a respeito do que estamos vivendo nesse inesperado momento de pandemia. Aqui tentei reunir minhas opiniões, meus sentimentos e, graças a esse convite, também nasceu a vontade de ir em busca da história de outras mulheres como inspiração.

Muito prazer! Meu nome é Marcella, sou ítalo-brasileira, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, nutricionista e tenho 35 anos. Estou muito feliz com essa convocação da querida Carol e espero trocar com você, querida (o) leitora (o) desse livro, pensamentos, reflexões sobre essa loucura que estamos vivendo e, por que não, um pouco de história?

O que vamos aprender com tudo isso que estamos passando? Vamos nos tornar seres humanos melhores depois que tudo isso se for? É a pergunta que mais ouço nos dias de hoje e uma das minhas inspirações para escrever esse texto.

Ainda não tenho uma resposta. Se tomarmos como ponto de referência a História, já tivemos epidemias muito mais letais e, infelizmente, a humanidade não mudou. As transformações que vejo são na medicina, na tecnologia, na gestão pública, mas em termos de humanidade, para a grande maioria, infelizmente parece que não evoluiremos.

No momento, minha maior preocupação é me cuidar para postergar o máximo que posso meu contato com o vírus. Estar próximo de algo que pode ou não tirar minha vida me faz pensar diariamente noque de mais precioso tenho a perder.

E eu quero continuar lutando em busca dos meus sonhos ao lado do companheiro que escolhi para essa vida, compartilhar e aprender com todos que amo e ver meu filho crescer e tentar fazer o melhor que posso para deixa-lo pronto para esse mundo.

Há muito tempo não passávamos por algo parecido. Arrisco-me a dizer que desde a segunda Guerra Mundial nada “saía do lugar” como agora. Nunca poderia imaginar que um dia viveria uma situação onde eu não pudesse ter total controle sob meus atos e não pudesse fazer o que eu quisesse.

Antes de pensar novamente em alguma resposta, existe um outro fator que me angustia muito mais: a miséria que afeta 25% do meu Brasil. Vivo em um país onde uma parte podemos classificar como Suíça e a maioria como Burundi (África). Uma das técnicas adotadas pela maioria dos países na contribuição do combate à pandemia, o isolamento social, na realidade da grande maioria dos brasileiros é impossível de se aplicar. Se ficarem em casa, morrem de fome. Muitos nem casa têm.

E para coroar tudo de assustador que estamos vivendo por causa de um vírus, no atual momento, contamos por aqui com uma horrorosa e assustadora agonia política.

Não podemos descartar que vivemos uma pandemia midiática. O excesso de informação, muitas vezes contraditórias, podem nos fazer viver em função do medo. A meu ver, a maneira de nos tranquilizarmos para agirmos de forma segura é nos identificarmos com uma linha de pensamento e nos cercarmos de todas as possíveis informações que as alimentam.

Por defender o isolamento, me sinto privilegiada em poder ficar em casa. Orgulho-me de conseguir me programar dentro da minha rotina para não ter que me expor excessivamente e tirar, dentro de um hospital, o lugar daquele que não pode fazer o mesmo que eu. Estar em casa, literalmente confinada, me trouxe a oportunidade de me reinventar. Esse convite mesmo me deu a oportunidade de sair da minha zona de conforto e ir em busca de informações e conteúdos que nem sempre me sobravam tempo de me alimentar.

Sou mãe de um lindo menino chamado Joaquim, com quase 3 anos. Assim que fiquei grávida tomei a decisão de me dedicar 100% à maternidade. Foi mágico ver, no início desse ano, 2020, aos 2 anos e meio, Joaquim ir para a escola pela primeira vez. Ver nos olhinhos dele a alegria de poder brincar com os coleguinhas, ser tão bem estimulado e se encantar pelos cuidados daqueles que os cercavam era muito especial. Sem contar no tempo que ia passar a ter para mim. Foi libertador para nós dois. Para ele no sentido de descobertas, para mim um reencontro comigo mesma e um retorno para algumas renúncias das quais em nenhum momento me arrependo.

Confinada com uma criança de 2 anos, tive que me reinventar. Partir do pressuposto que ele é um privilegiado por poder ficar em casa com seus pais e com a geladeira abastecida, já me enche o coração de gratidão. Quando penso naqueles que não têm a mesma oportunidade que eu, não acho justo reclamar em hipótese alguma por essa nova situação e as tão inesperadas mudanças de planos que estou vivendo.

Cuidar da casa, de mim, da minha família, entre tantas outras funções que me orgulho por ter e conseguir exercer com sucesso, me despertou a necessidade de mais uma: ir em busca de histórias de outras mulheres incríveis que me inspiram e que, assim como nós nesse momento de desafios e lutas, fizeram a diferença com suas atitudes e forças. Dentre tantas incríveis mulheres, escolhi duas brasileiras, médicas, que, pelo tempo em que atuaram em suas respectivas áreas, tornaram-se um diferencial, desafiaram tudo e todos, conquistaram seus objetivos e deixaram de forma linda, condutas e cuidados que seguem adotados até hoje.

Começemos por Nise da Silveira, brasileira, nascida em Maceió, em 1905. Formou-se em 1926 em medicina na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única mulher entre os 157 homens de sua turma e uma das primeiras mulheres Brasileiras a se formar em medicina. Médica psiquiátrica, ficou conhecida mundialmente por humanizar o tratamento psiquiátrico no Brasil, ser contrária às formas agressivas de tratamento utilizadas em sua época e defender o valor terapêutico entre pacientes e animais, pacientes e a arte.

Em 1936, durante a Intentona Comunista, Nise é presa por 18 meses após uma denúncia de que possuía livros marxistas. Após a prisão, Nise é afastada do serviço público por razões políticas e até 1944, ela e seu marido, o sanitarista Mário Magalhães da Silveira, permaneceram na semiclandestinidade.

Ao ser reintegrada ao serviço público, retoma sua luta contra as técnicas psiquiátricas que alegava serem agressivas aos seus pacientes, como por exemplo eletrochoque e confinamentos. Por conta da discordância e por se recusar a adotar tais técnicas em seus pacientes, Nise foi transferida, na instituição em que trabalhava, para o setor de terapia ocupacional, atividade desprezada pelos médicos da época, fundando em 1946 a “Seção de Terapêutica Ocupacional”. Antes de Nise, naquele setor, os pacientes executavam tarefas de limpeza e manutenção, eufemisticamente classificada de terapia ocupacional. Após sua chegada, as antigas tarefas foram substituídas por ateliês de pintura e modelagem com o intuito de estimular a expressão simbólica e da criatividade dos pacientes, reatando seus vínculos com a realidade e revolucionando assim a Psiquiatria praticada agora no Brasil.

Foram muitos anos de estudo, dedicação, aprofundamentos, obras publicadas e inúmeros os reconhecimentos nacionais e internacionais. Em 1952, ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente com trabalhos produzidos nos ateliês que criara na instituição, usando-os como possibilidade de compreensão mais profunda da esquizofrenia. Esse acervo tão valioso foi inspiração para a escrita de seu livro “Imagens do Inconsciente”, além de filmes e exposições. Em 1956, criou a Casa das Palmeiras, clínica destinada à reabilitação de ex pacientes de instituições psiquiátricas que ali podiam expressar sua criatividade e serem tratados como pacientes que apresentavam uma rotina hospitalar de tratamento, mas que estavam reintegrando à vida em sociedade.

Em 1999, aos 94 anos, Nise é internada por causa de uma pneumonia, falecendo de insuficiência respiratória aguda. Ela e seu marido optaram por não ter filhos para se dedicarem exclusivamente à carreira médica. Deixaram um lindo e generoso legado de que é possível o uso do amor e cuidado ao próximo como tratamento.

Outra grande mulher é Zilda Arns Neumann, brasileira, nascida em Santa Catarina, em 1934. Em 1959, formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná e se aprofundou em saúde pública, pediatria e sanitarismo. Ao se deparar com um número significativo de crianças que eram internadas por doenças de fácil prevenção como diarreia e desidratação, Zilda passou a se dedicar e salvar crianças pobres da desnutrição, mortalidade infantil, violência doméstica e marginalidade com a ajuda de umas das principais ferramentas de maior sucesso no mundo: a educação.

Em 1980, sua experiência a levou a ser convidada pelo governo do Estado do Paraná a coordenar a campanha de vacinação para o combate da primeira epidemia de poliomielite através de um método próprio que, depois de tamanho sucesso, foi adotado pelo Ministério da Saúde. Em 1983 foi uma das criadoras e coordenadora da Pastoral da Criança, ação social que já recebeu diversos prêmios e, desde sua fundação, acompanhou 1.816.261 crianças menores de seis anos e 1.407.743 famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. O projeto também capacitou mais de 261.962 voluntários que levaram conhecimento sobre nutrição, educação e cidadania para milhares de comunidades pobres deste país. Em 2004, também fundou e coordenou a Pastoral da Pessoa Idosa, por meio da qual mensalmente mais de doze mil voluntários cuidam de mais de cem mil idosos em 579 municípios de 141 dioceses de 25 estados brasileiros.

No dia 12 de janeiro de 2010, Zilda parte para Porto Príncipe, Haiti, com a missão humanitária de introduzir a Pastoral da Criança no país. Após seu discurso para cerca de 150 pessoas, o país foi atingido por um terrível terremoto fazendo com que o teto da Igreja onde Zilda palestrava desabasse atingindo-a diretamente na cabeça. A Dra. Zilda Arns foi uma das vítimas dessa terrível catástrofe, morrendo na hora. Mãe de seis filhos e avó de dez netos, Zilda nos deixa uma incrível história de luta, vitória e um lindo exemplo de compaixão e amor no cuidar.

Essas mulheres foram e serão lembradas não só por suas vitórias, mas também pelos gatilhos e impulsionamentos que as fizeram trilhar seus caminhos em busca daquilo que acreditavam. Essas foram duas das incríveis histórias que escolhi para preencher parte do meu tempo nesse momento que é para muitos apenas de tristeza, agonia e medo, mas que para mim - além do sentimento coletivo de dor e angústia - também é de aprendizados, inspirações e autosuperações.

Pronto. Achei a minha resposta.

Obrigada Nise, Zilda, minhas avós, minha mãe, minhas tias, prima, amigas e tantas outras mulheres por me inspirarem, me fazerem querer ser melhor a cada dia e ter vontade de, lá na frente, olhar para trás e me orgulhar de tudo que fiz e conquistei. 

 


Eva colectiva

 

Las mujeres en el nuevo contexto laboral

 

Marisol García Ramírez[1]

México

 

Desde lo femenino y no meramente técnico-jurídico como es la costumbre del día a día, y así con cada mujer desde su propia profesión, hoy se expresa el sentir con la perspectiva de ser eso, mujeres, porque tenemos la mala costumbre de presentarnos a través de los títulos pero no desde nuestra naturaleza, sintiéndonos orgullosas de ello reflexionando en la importancia que es nuestro actuar en la vida diaria de una sociedad que camina en medio de una nueva crisis sumada a las ya existentes y en la cual desempeñamos varios roles muchas desde casa, haciendo frente a diversas necesidades y exigencias laborales, familiares y personales.

Varias generaciones hemos sido testigos de la evolución que ha tenido en el transcurso de la historia el papel de la mujer en la sociedad.

Muchas nacimos en una familia donde nuestro padre era proveedor y nuestra madre se quedaba en casa a nuestro cuidado, siendo algunas veces que la mujer antes de contraer matrimonio desempeñaba algún trabajo, sin embargo, al iniciar el vínculo, el marido las “invitaba” o las obligaba a dejar de lado aquellas actividades que las distrajeran de su labor crucial para ese entonces: ser madre y esposa.

Hoy la realidad ha cambiado mucho y las mujeres nos desenvolvemos en varios ámbitos antes impensables para nosotras como la política, el gobierno, la academia, la ciencia y la tecnología, entre muchas otras áreas en las cuales demostramos nuestra valía y visibilizamos toda esa capacidad que nos hizo cosechar logros de poco a poco.

Es un gran logro que la mujer sea reconocida y valorada desde su esencia, desde su talento, desde sus aportes, sin embargo, nos preguntamos, y ¿aquellos tiempos en que la mujer se quedaba en casa al cuidado de sus hijos eran en cierta medida mejores, pues las generaciones que nacieron en aquel entonces al día de hoy son más responsables, felices y productivas que los jóvenes de este siglo y finales del pasado?

Es preciso realizar un análisis profundo de los cambios que han implicado avances y también de aquellos sobre los cuales, vale la pena reflexionar y tomar las buenas prácticas que ayudaron a formar generaciones más conscientes y más consistentes.

En la actualidad observamos una generación de niños y adolescentes que tienen a su alcance todos los objetos tecnológicos sin restricción de uso y mucho menos supervisión, agregando que nada les cuesta ganarlos, ni siquiera la exigencia justa y sana de los padres o tutores de obtener buenos resultados en la escuela, sin hablar de lo mínimo como asear su cuarto.

Hasta hace algunos meses, previos a la contingencia sanitaria llamada COVID-19, y en muchos casos hasta el día de hoy, los padres y madres, por la apremiante situación económica, se ven obligados a salir a trabajar ambos, en turnos extenuantes con el único deseo de regresar a casa a descansar.

En otros casos, porque el fenómeno no es tema de clases sociales, la madre o el padre se encuentran en casa todo el tiempo, tienen el privilegio de hacerlo pues la situación económica lo permite, sin embargo, se encuentran ausentes, preocupados por sí mismos, por la dieta, por la moda, por los casinos, por los entrenamientos…

Los suicidios en niños y adolescentes han ido al alza en los últimos años siendo un fenómeno mundial, producto de la falta de amor a los más pequeños, falta de interés, de hacer y tener conciencia que somos nosotros responsables de su salud no solo física sino también mental y emocional.

Un aspecto que ha contribuido a este abandono de los padres hacia los hijos son las rígidas políticas empresariales y de instituciones de gobierno que por años han mermado la vida en familia, además de políticas opuestas al desarrollo de la primera infancia, y hasta de una pésima planeación en los ordenamientos de desarrollo territorial en las ciudades, donde el único fin es el económico sin reparar en lograr el equilibrio entre el desarrollo y la protección de la convivencia familiar y el interés superior de los menores, impactando también al medio ambiente y las zonas verdes indispensables para la vida del ser humano.

Sin embargo y sorpresivamente, llega al mundo una pandemia que nos toma por sorpresa, que es sin duda un problema mayor que ha impactado la salud de miles de personas, que ha causado millones de muertes en el mundo, que ha quebrantado la economía, pero sobre todo ha dejado al descubierto los errores que por años nos negábamos a mirar, y que defendíamos como “normales”, porque nos resignábamos, porque “así nos enseñaron” porque así estaba escrito.

Y de manera frontal nos topamos con la violencia hacia las mujeres que nadie quería aceptar, porque el confinamiento nos ha obligado a “convivir” y ha dejado a la luz que aquellos trabajos que nos obligaban a ausentarnos de los nuestros porque “no podía ser de otra manera”, hoy se pueden realizar de otras formas, y vemos con claridad que nos falta educarnos en las emociones, que dependemos de otros para ser felices, que no conocemos a nuestros hijos, que tenemos vicios que no sabíamos, que vivimos en una  casa pero falta comenzar a construir un hogar.

Nos enfrentamos con una sociedad desordenada que ha rebasado los límites porque la pornografía infantil en esta cuarentena se ha disparado y comenzamos a ver que somos capaces de abusar de menores indefensos pero no de hacer frente a  nuestra realidad, de trabajar, de producir, de apoyar a aquel vecino que se quedó sin empleo porque el tejido social se rompió.

Sin embargo, existe otra realidad y es sobre la cual debemos enfocarnos para extenderla creando conciencia de la importancia del trabajo en el crecimiento personal, en familia y en comunidad y es la maravillosa oportunidad que se nos presenta de reencontramos y reorganizar nuestras vidas desde un equilibrio sano entre las responsabilidades laborales y la vida en familia.

Es tiempo de seguir trabajando por un cambio cultural en los procesos de convivencia, para alcanzar mayor equidad y democratización de las tareas domésticas entre las parejas, así como impulsar la repartición equitativa de los trabajos en casa.

Esta pandemia ha permitido visibilizar la necesidad de legislación y políticas públicas con perspectiva de género, las cuales beneficiarán en primer término a los niños y adolescentes los cuales necesitan tener tiempo con sus padres, no tiempo de calidad, necesitan tiempo. Les urge desarrollar la imaginación, aprender a bañar al perro, hacer galletas, cuidar de las plantas, dibujar, crear un cohete con tan solo una caja de cartón, aprender a expresar sus emociones porque en la vida real las calificaciones son solo papeles.

La ciencia y la tecnología aún siguen siendo campo casi exclusivo de los hombres, sin embargo, muchas niñas y adolescentes tienen mucho que aportar en estas materias, impulsemos su participación y aprendizaje, trabajemos en desarrollar su seguridad y en la claridad que deben tener al decidir, que sean conscientes que no solo tienen algunas opciones, sino que las tienen todas.

Las empresas también empiezan a entender que el mundo cambió, y lo que otros países han realizado por años ya no podrá seguir siendo una utopía en México, que faltaba voluntad y un empujón de gran envergadura como lo es una pandemia para sumarse en la construcción de un balance que al final les traerá mayor productividad, colaboradores más sanos física, mental y emocionalmente y que estarán contribuyendo casi sin  darse cuenta, en la formación de las nuevas generaciones que aprenderán de la mano de sus padres, que el trabajo es mucho más que horas forzosas sin productos, que la creatividad es esencial en este  mundo cambiante  y que el desarrollo integral es pieza clave de una vida adulta saludable.

Esta crisis nos deja varias enseñanzas, pero la más importante es reencontrarnos con nosotras mismas y valorar nuestra vida desde todas sus aristas, desde todas nuestras trincheras, entender que la vida laboral se conjuga con muchas otras facetas que no debemos descuidar pues la  vida ya no será como antes porque es tiempo de reconectar con los nuestros.

 


[1] Mujer, abogada, esposa y madre mexicana. Investigadora de la Redipal. Candidata a Maestra en Derecho Procesal Fiscal y Administrativo. Especialista en Derecho Social, asesora legislativa en las LXII y LXIII Legislaturas del Senado de la República en México. Actualmente asesora jurídica de empresa, Secretaria Técnica del grupo “Red Juntos por Michoacán” y miembro activo del colectivo “Michoacán Humanitario”. Contacto: marisolgarcia@uvaq.edu.mx

El mensaje del foro es editado por Estefanía Paola Cuello Jul 20 '20



Eva colectiva


 

¿Somos felices en cuarentena? Realidad o virtualidad esa es la cuestión

 


Ana María Blanco[1]

Argentina

 

     

La realidad de aislamiento social impuesta por el covid-19 ha modificado nuestras prácticas cotidianas debido a la llegada a los ámbitos laborales, educativos y académicos de tecnologías que hacen posible mantener la mínima conexión. Todo esto más allá del confinamiento en sí mismo que la emergencia sanitaria ha impuesto.

El arribo de estas formas de comunicación y trabajo ha invadido nuestras vidas, no siempre mejorando la calidad de las mismas.

Cuestionar su uso permanente y delinear límites al mismo de cara al futuro es un imperativo y, a la vez, un desafío al que debemos hacer frente en pos de mantener nuestro espacio personal y nuestra propia identidad.

 

Palabras clave: Virtualidad – tecnología – calidad de vida – límites – espacio personal

 

Cuando me propusieron en los primeros días del aislamiento social y obligatorio (cuarentena) el proyecto de plasmar una idea que nos lleve más allá de lo jurídico, que es mi propio ámbito, hacía una reflexión acerca del momento de emergencia sanitaria que estamos viviendo que contenga, quizá, una propuesta para el cambio desde nuestras experiencias, la idea fue aceptada sin dudar.

Debo decir, sin embargo, que desde aquel momento hasta la entrega de esta modesta colaboración han transcurrido más de sesenta días, por lo que el tema ha ido cambiando pero siempre sobrevolaron sobre él las ideas de felicidad y calidad de vida.

Por ello, tratando de despegarme de cuestiones jurídicas o de derecho, intentaré aproximarme a una respuesta posible de cara a la convivencia pacífica con la tecnología en el futuro pos pandemia.

 

Introducción

 

Una buena vida suele asumir la forma de aquella donde se logra un equilibrio académico y profesional que conduce a un trabajo satisfactorio y bien remunerado, por un lado, con los logros personales y familiares que, incluso, llegan a incluir una mascota, por el otro.

Pero claro pareciera que, a veces, no resulta suficiente.

En ocasiones aún teniendo todo eso estamos disconformes con la vida que tenemos. Dejando de lado la emergencia sanitaria que es la causa de este confinamiento o aislamiento social, que hizo que el mundo entero parara, me centraré únicamente en lo personal para dar respuesta a la convocatoria.

Por las condiciones laborales, en un comienzo, un confinamiento en el domicilio sonaba como algo muy auspicioso. Claramente sería muy bienvenido aprovechar el tener más tiempo para estar en la casa y no arriba de un auto, evitaría gastos de transporte, reduciría los riesgos de altercados en la ruta, contaría con tiempo para terminar proyectos atrasados, entre otros. Todo perfecto. El mundo ideal.

Pero esta situación que en un principio se sintió como un alivio con el correr de los días se fue desdibujando y dio comienzo a otra realidad, o mejor dicho, a otra “virtualidad” que nos empezó a dejar sin aliento.

Y la pregunta fue obvia, ¿este formato de vida tampoco nos deja satisfechos? O, en otras palabras, este nuevo estado de cosas realmente nos está modificando, alterando e invadiendo más allá de los límites tolerables?

 

El encierro

 

Fue notorio que, pasada una semana de encierro, todos empezáramos a sentirnos invadidos por redes sociales, por plataformas educativas, por plataformas laborales, etc.

Con niños en edad escolar, la plataforma educativa para ellos fue la primera en llegar y con la misma las tareas escolares que necesitaban una explicación que como padres apenas podíamos emular, que tenían plazos de entrega estrictos aún cuando no estuvieran realizadas en un contexto áulico.

Por mi parte como docente universitaria, tuve que aprender casi sin respirar, el manejo de plataformas educativas virtuales para el dictado de clases, la preparación de trabajos prácticos, la toma de exámenes y asistencias, etc

Ambos niveles de enseñanza, secundaria y universitaria, se volvieron virtuales de la noche a la mañana sin advertir que vivimos en un país donde no todo el mundo tiene acceso a internet o, sin ir más lejos, acceso a electricidad, entre otras carencias.

El trabajo, en modalidad no presencial, continuó su curso, así empezaron a tener lugar las audiencias por videoconferencia, la presentación de escritos a través de la plataforma creada al efecto, la comunicación con nuestros defendidos a través de teléfonos móviles dentro de las mismas penitenciarias.

A la par de ello, y a esta altura, ya habíamos visto todas las series y películas de las distintas plataformas, teníamos miles de grupos de whatsapp con otras tantas ramificaciones y los celulares eran casi tan indispensables como respirar.

Si bien la mayoría de las reformas mencionadas pueden considerarse positivas, y de hecho lo son, lo cierto es que todo esto generó, también, una invasión de medios electrónicos que nos agobiaron, nos saturaron.

Medios electrónicos que, sin autorización alguna, nos obligaban a estar en línea y pendiente de absolutamente todo lo que ocurría las veinticuatro horas los siete días de la semana.

¿Se podía poner límite a esta situación? Se intentaba. ¿Se debe ponerlos? Sí, necesariamente.

Por ello intentaré explicar los motivos por los cuales, a mi entender, debe limitarse la “virtualidad” en nuestras vidas no solo desde la respuesta obvia de lo que significó la lucha de los trabajadores por jornadas laborales limitadas sino desde lo interno, desde el establecimiento de límites como el único y último derecho a defender nuestra propia intimidad, nuestro espacio mínimo de reflexión.

 

Calidad de vida

 

Por esto, ya promediando unos sesenta días de aislamiento el primer concepto que se instala a fin de hacer un balance personal es el de “calidad de vida”.

Y a partir de allí, pensar ¿cuál es la calidad de vida que tenemos hoy? ¿preferimos la calidad de vida que teníamos en aquella “realidad” o la que tenemos hoy en esta “virtualidad”?

Preferimos, ¿las realidades donde estamos con todo el mundo, en los momentos que queremos o podemos? o ¿las virtualidades donde estamos solos y con todo el mundo a la vez, en todo momento?.

¿Tenemos que elegir entre una y otra o podemos construir un concepto de calidad de vida distinto? Y, más allá de construirlo, disfrutarlo?.

En búsqueda de alguna respuesta tuve que, necesariamente, indagar acerca de cuál era el concepto de calidad de vida que manejaba la Organización Mundial de la Salud.

Así, para la OMS, la calidad de vida es la percepción que un individuo tiene de su lugar en la existencia, en el contexto de la cultura y del sistema de valores en los que vive y en relación con sus objetivos, sus expectativas, sus normas e inquietudes”[2].

Parece claro, entonces, que la calidad de vida depende de la percepción de cada uno de nosotros pero a la vez se ve contextualizada por la cultura en la cual vivimos, la cual construimos entre todos. La manera de medir la calidad de vida, sin embargo, varía de una sociedad a otra; aún dentro de un entorno en específico varía de una persona a otra.

Claramente es un concepto extenso, complejo y multidimensional. Aunque muchas veces es frecuente percibir que el concepto de calidad de vida se reduce a comprobar aspectos socioeconómicos de nivel de vida y a  la posibilidad de acceder a cierta función o no, donde la noción psicológica de calidad de vida casi no es tomada en cuenta (Gómez Mengelberg, 2009)

Por otro lado, también tenemos claro lo que nos han enseñado hasta el cansancio y sentimos en carne propia al momento de transitar este aislamiento, el hombre es un animal social.

Investigando otro poco[3]advertimos que existen indicadores objetivos en la calidad de vida son el nivel socio-económico y salud, los cuales pueden medirse. Y a la par, existen indicadores subjetivos como la libertad, los derechos humanos y la felicidad, de difícil medición ya que dependen de la percepción de cada uno de nosotros.

Pareciera, entonces, que además de depender de la sensación de bienestar que pueda sentir cada persona según su propio contexto social y en virtud de su propio bagaje cultural es un concepto, por estos mismos motivos, difícil de mensurar.

Volviendo a la virtualidad actual y al aislamiento social, no hace falta pensar mucho para darse cuenta que el permanecer demasiado tiempo lejos de las personas provoca insatisfacción, aún cuando tengamos una rica vida interior y, por el contrario, en la vida en comunidad es donde habitualmente nos expresamos, mejorando así nuestra calidad de vida.

Por ello, el estar conectados todo el día virtualmente a nuestras obligaciones laborales, académicas, educativas, familiares, etc hace que percibamos un deterioro en nuestra calidad de vida.

Es por este motivo que debemos limitar el contacto virtual no solo a lo estrictamente necesario sino a extensiones razonables de nuestras jornadas sean del tipo que sean a fin de recuperar, porque ya lo hemos perdido, nuestro espacio personal, espacio de silencio o espacio ruidoso pero diseñado y pensado desde nuestra propia necesidad y no desde la imposición exterior.

Y, en cuanto sea posible, invertir ese tiempo personal al restablecimiento de esos lazos presenciales que nos nutren y nos llenan de emociones incorporando, por su lado, todo lo que las tecnologías trajeron de nuevo y de útil. Pensándolas desde su uso para nuestro propio bienestar y no como una moderna forma de esclavitud.

 

Conclusión

 

Para finalizar esta reflexión acerca de si deseamos permanecer en una realidad que nos lleva, quizá, a un alto nivel de vida o si queremos vivir en una virtualidad que está, de algún modo, disminuyendo nuestra calidad de vida, propongo que todo sea ganar-ganar.

Usemos, disfrutemos, abusemos de todo lo que la tecnología nos ofrece, que es mucho, pero con el límite puesto desde nuestra propia necesidad.

Claramente las cosas no volverán a ser lo que fueron pero no porque nos lo imponga un gobierno o una organización mundial, sino porque nosotros debemos procurar que esos cambios no generen una intromisión tal que resulte lesiva de nuestro nivel de tolerancia entendido éste como último baluarte de defensa de nuestra propia identidad, del lugar donde nos sentimos cómodos y seguros, del lugar en el cual somos quienes deseamos ser.

 

 

Referencias

 

Fernández-López, Juan Antonio, Fernández-Fidalgo, María, & Cieza, Alarcos. (2010). Los conceptos de calidad de vida, salud y bienestar analizados desde la perspectiva de la      Clasificación Internacional del Funcionamiento (CIF). Revista Española de Salud Pública, 84(2), 169-184. Recuperado en 13 de mayo de 2020, de http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1135-57272010000200005&lng=es&tlng=es 

Gómez Mengelberg, E. (2009) Un recorrido histórico del concepto de salud y calidad de vida a través de los documentos de la OMS. TOG (A Coruña) [revista en internet] consultado online 13/05/2020, 6 (9):[10p] disponible en http://revistatog.com/num9/pdfs/original2.pdf

 Robles-Espinoza, A., Rubio-Jurado, B., De la Rosa-Galván, E. y Nava-Zavala, A. (2016)  Generalidades y conceptos de calidad de vida en relación con los cuidados de salud. Resumen Septiembre-Diciembre 2016 Vol. 11, Nro 3. p. 120-125 visto online en https://www.medigraphic.com/pdfs/residente/rr-2016/rr163d.pdfEste artículo puede ser consultado en versión completa en: www.medigraphic.com/elresidente

Urzúa M. A. y Caqueo-Urízar A. (2012) Calidad de vida: Una revisión teórica del concepto. Terapia psicológica Vol. 30, Nº 1, 61-71 Copyright 2012 by Sociedad Chilena de Psicología Clínica ISSN 0716-6184 (impresa) · ISSN 0718-4808 (en línea). Visto online  el 13/05/2020 en  https://scielo.conicyt.cl/pdf/terpsicol/v30n1/art06.pdf

 

 


[1]                Mujer Argentina. Abogada UBA. Maestranda en Dcho Penal y Ciencias Penales UNCU. Docente Universitaria. Investigadorablancoana688@gmail.com

[2]OMS, en Ginebra, en el año de 1966

 

[3]     Calidad de Vida: Qué es y Cómo Mejorarla con Planea Tu Bien. Visto online en abril de 2020 en https:///...-es-y-como-mejorarla
Adjuntos:
  19.EvaColectiva_AnaMa_Blanco.pdf (101Kb)



Eva colectiva



 

Pequeños pasos hacia grandes feminismos

 

Valeria López Zetino[1]

El Salvador

 

Para las mujeres, la “cuestión”nunca ha sido ser o no ser. La cuestión es ¿se nos dejará ser? Ser realmente libres, ser ruidosas, ser malcriadas, ser brujas.

En mi historia, el feminismo ha estado presente de una forma activa desde hace aproximadamente seis años, cuando yo tenía apenas 15 años. Este escrito es para esa adolescente, es para aquellas que ya se les olvidó sus fiestas de quinceañeras y sobretodo: para las nuevas generaciones que me leen.

A los 15 años, la mayoría de mis compañeras de clase ya habían tenido una o dos relaciones amorosas y estaban comenzando a vivir su sexualidad. Parecía que yo me estaba quedando atrás, que me estaba perdiendo de esos amores de preparatoria que tanto se representan en las películas.

Durante tres años, intenté recrear lo que las películas románticas nos enseñaban, sin embargo, no me enamoré. Durante mis últimos años escolares viví el miedo de mis compañeras al tener un retraso menstrual, viví los viajesa las farmacias más cercanas para comprar pruebas de embarazo con el dinero del almuerzo, viví largas pláticas intentando ayudar a mis amigas a que dejaran a sus novios, esos que las manipulaban, que arreglaban las discusiones con osos de peluches gigantes.

No sé si esos fueron mis primeros acercamientos al feminismo, a lo sororo, pero sí sé que fueron momentos suficientemente impactantes para darme cuenta del mundo machista en el que estaba (estoy) metida.

¿Puede una adolescente de quince años cambiar algo de este mundo, de esta perspectiva de misógina, de este plano en donde desde pequeñas se nos educa a ser una dama? ¿Puedo yo, una joven adulta hacer algo? ¿Puedes tú, mujer, hacer algo? ¿Pueden los hombres hacer algo?

Como todo abogado diría, depende.

Yo cada día concuerdo más con la lucha de mis hermanas alrededor del mundo, pero no me basta con decir sí, estoy de acuerdo en que deberíamos cambiar, o pensar, ojalála idea del amor, ser madre, ser perfecta no se nos vendiera tanto a nosotras las mujeres.

Tenemos que tomar el primer paso, el querer cambiar. He conocido a niñas de 6 y 8 años con quienes he sostenido conversaciones muchas veces más interesantes que las que intento mantener con mis compañeros universitarios. Mis abuelas, de 96 y 81 años han estado preguntándonos a mi familia y a mi sobre los nuevos movimientos, los derechos que estamos exigiendo, educándosepara seguirse enriqueciendo.

Tenemos que darnos cuenta en que este es nuestro momento, y es nuestro deber el educarnos para ser mejores aliados, mejores compañeras de lucha.  Durante este contexto de pandemia, he contado con el privilegio de hacer catarsis y preguntarme: ¿cómo puedo seguir creando cambio desde mi hogar?

La respuesta ha sido más simple de lo que me imaginé. He podido presenciar que, como ya lo sabemos, vivimos en una sociedad de alto consumo en las cosas materiales, pero poca atención prestamos a los momentos que nos hacen ser, que nos suman, nos hacen sentir vivos.

Además, han pasadoaños de lucha porque se nos vea como iguales ante la sociedad y aún existe una propaganda diseñada de electrodomésticos y cuido de la casa enfocada solamente en la mujer. Si podemos comenzar a implementar una vida minimalista, nos daremos cuenta que en verdad:menos,es más.

Puede parecer un cambio pequeño en nuestras vidas,pero genera un mejor ambiente en el que crecemos, ¿qué vamos a permitir que entre a nuestras vidas y por qué? ¿hacemos o dejamos de hacer algo cuando ya no está de moda o cuando ya hemos aprendido de ello?, ¿qué pasará para las generaciones que vienen detrás de nosotras y -quizás- movimientos como ni una menos y la legalización del aborto, por mencionar algunos, ya no estén en su fulgor? ¿cómo serán los estudios de mercado si dejamos de consumir lo que se nos impone y comenzamos a consumir únicamente lo que necesitamos?

Así mismo, deseo recalcar lo importante que es el cultivar una convivencia real y poder conectarnos con las diferentes generaciones que nos rodean. Desde mi experiencia, esta cuarentena he convivido con mi padre y mi abuela paterna a todas horas, todos los días. Esta convivencia me ha encaminado a ser una estudiante y una maestra al mismo tiempo, me reconozco como un ente de cambio en mi hogar.

Estoy consciente de cómo puedo ayudarles a las personas a mi alrededor a entender esta sociedad que se renueva con cada actualización de sistema y al mismo tiempo, reconozco que aún tengo mucho por aprender e incluso: que el aprendizaje que recibo de las personas de tercera edad me es en cada vez más interesante, útil y valorado, sólo debemos dejarles saber: te escucho y lo que me enseñas es importante.  

Esto ha sido, personalmente, algo revelador: si comenzamos a construirnos como agentes de cambio desde nuestro hogar, llegaremos a involucrarnos a la sociedad siendo ya uno. Una convivencia consciente con nuestro alrededor nos puede hacer que incluso una cuarentena domiciliar obligatoria, sea recibida con amor y agradecimiento.

Finalmente, creo firmemente que el cambio más importante que podemos llegar a lograr, es el de mantenernos justamente, en constante cambio. No abandonar nuestros ideales, nuestras luchas. Día a día se multiplican las razones para que preguntarnos ¿qué puedo aprender hoy? ¿qué puedo enseñar hoy? ¿qué puedo cambiar a mi alrededor para mejorar mi calidad de vida?, no debemos de caer en el error de dejar un proyecto a medias, creer que ya se ha hecho todo, siempre hay algo más. Mantenernos en un estado de alerta. Les invito a conectar con su espíritu aventurero, el viaje empieza aquí.

 


[1]Estudiante de Ciencias Jurídicas en la Universidad Centroamericana “José Simeón Cañas) (UCA El Salvador). Posee un diplomado en Derecho Constitucional Americano por la universidad de Harvard. Activista feminista y miembro de la asociación de estudiantes de derecho de su universidad (ASEDUCA). Investigadora de la Redipal.

 


Eva colectiva


 

                  ¿A quantas pandemias as mulheres conseguirão sobreviver?

 

Dayane Garcia Lopes Criscuolo[1]

Brasil

 

Desde o início do ano de 2020, as principais notícias dos jornais e da televisão se ocupam em informar a população mundial da peste causada pelo novo coronavírus, a Covid-19. Este vírus foi identificado pela primeira vez na cidade de Wuhan, China, e jamais se pensou que pudesse causar os efeitos que causou.

De fácil contágio, espalhou-se rapidamente por todo o mundo, razão pela qual, em 30 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde – OMS declarou que o surto do coronavírus constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o nível mais alto de alerta da Organização. Esta declaração tinha como finalidade melhorar a coordenação, cooperação e a solidariedade global para deter a propagação do vírus[1].

Sem um medicamento ou uma vacina capaz de deter o vírus, a principal saída para evitar o rápido contágio foi o estabelecimento da quarentena pelas autoridades da maioria dos países afetados pela moléstia. Isto porque, sua fase mais grave exige que os hospitais estejam preparados com uma série de equipamentos para o auxílio da respiração dos doentes, e depois de analisada a velocidade do contágio e o tempo de tratamento, foi constatado que o sistema de saúde não teria capacidade para cuidar de todos os cidadãos, se ficassem doentes ao mesmo tempo.

Isto é, para evitar um colapso do sistema de saúde e garantir o tratamento adequado a todos os doentes, a melhor solução encontrada pelas autoridades foi que as pessoas ficassem em suas casas. O comércio fechou suas portas, as cidades pararam e somente permaneceram em atividade os serviços considerados essenciais; em alguns casos, a medida extrema do lockdown também foi adotada. Atualmente, é possível identificar um esforço das autoridades em tentar abrir as suas economias e retomar as atividades gradualmente.

Os graves problemas de saúde pública e econômicos trazidos pela pandemia, dividem as páginas dos jornais com as notícias sobre o aumento do número de casos de violência contra as mulheres em razão do gênero. Isto é, a vida de um número muito grande de mulheres se tornou muito mais difícil quando as portas de suas casas também foram fechadas pela quarentena.

O aumento do convívio, os problemas financeiros, a crise econômico-familiar, o desemprego, o medo da doença, são fatores que prejudicam a harmonia dos lares. Além disso, nas casas onde a violência já era algo comum, esta se intensificou.

Os números não mentem[2]. Na província de Hubei, onde a pandemia começou, o número de casos de violência doméstica em um de seus municípios triplicou durante o período de lockdown. Segundo a OMS, os serviços de emergência na Europa registraram um aumento de até 60% no número de chamadas de mulheres vítimas de violência doméstica[3]. O governo regional catalão registrou um aumento de 20% no número de ligações para a sua linha de apoio no período de confinamento. No Chipre, o aumento foi de 30% no número de chamadas ao serviço de apoio. Na França, no mês de março, em uma semana de restrição, o número de casos de violência reportados cresceu 36% em Paris e 32% no resto do país[4].

Além disso, o fato de o agressor e a vítima estarem juntos em casa, ou seja, no mesmo lugar, impossibilita, muitas vezes, o pedido de ajuda por meio de ligações, porque a vítima tem medo de que sua denúncia seja descoberta e sofrer mais agressões. É o que ocorreu na Itália[5], onde o número de chamadas diminuiu, mas o de mensagens de texto e e-mails desesperados aumentou consideravelmente.

No México, somente em abril foram registradas 20.000 ligações, um crescimento de 42% em comparação ao mesmo período do ano de 2019[6]. Na Colômbia[7], a Secretaria da Mulher informou que durante a quarentena houve um aumento de 230% no número de violência no lar. No Chile, as chamadas à linhas de ajuda aumentaram em mais de 70%; e na Argentina 39%[8]. No Peru, houve um incremento de 50,3%[9] no número de chamadas nas linhas telefônicas de denúncia. No Brasil, no Estado de São Paulo houve um crescimento de 30% e no Rio de Janeiro de 50% na quantidade de casos de violência[10], e no telefone de apoio houve um aumento de 40% no número de ligações em todo o país[11].

O aumento no número de chamadas não demonstra o real cenário, já que muitos casos não são registrados. Não apresenta a real situação de cada mulher, a consequência de cada agressão ou ato violento, mas ajuda a compreender a difícil realidade vivida por um número significativo de mulheres, já que o crescimento no número de ligações traduz o risco potencial que faz parte do dia a dia de cada uma delas.

A violência de gênero contra as mulheres é um grave problema social e, além disso, pode-se afirmar ser um grave problema de saúde, na medida em que, em muitos casos, a violência é tamanha a ponto de as mulheres necessitarem de atendimento hospitalar, podendo em muitos casos ocasionar a morte. Em razão da gravidade do assunto, esse tipo de violência foi classificado pelo chefe das Organizações das Nações Unidas – ONU, em um evento realizado em novembro de 2018, como uma “pandemia global”.

Segundo o secretário geral da ONU, António Guterres, “o mundo só vai se orgulhar de ser “justo e igualitário” quando as mulheres puderem viver livres do medo e da insegurança cotidiana”. E acrescentou que “[N] no seu âmago, a violência contra as mulheres e meninas, em todas as suas formas, é a manifestação de uma profunda falta de respeito, o fracasso dos homens em reconhecer a igualdade e a dignidade inerentes às mulheres. É um problema de direitos humanos fundamentais”[12]

Em artigo recém publicado pela diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que trata do problema do aumento da violência em tempos de distanciamento social decorrente do coronavírus, afirmou que com “90 países em confinamento, 4 bilhões de pessoas agora estão se abrigando em casa contra a infecção global do novo coronavírus. É uma medida protetora, mas traz outro perigo mortal. Vemos uma pandemia crescente nas sombras, a da violência contra as mulheres”[13].   

Isto é, baseado nestas afirmações feitas pelas autoridades da OMS e ONU, é possível afirmar que as mulheres, atualmente, tentam sobreviver, concomitantemente, à duas pandemias. É uma situação muito cruel, e da qual muitas mulheres não conseguem enxergar uma saída, já que em muitos casos não têm condições psicológicas e financeiras para sair de seus lares e deixar para trás essa realidade injusta da qual são parte.

A violência contra a mulher tem como principal ator o companheiro e como vítima a sua esposa, noiva, filha ou enteada. Ou seja, é praticada pela pessoa com a qual a mulher convive, e faz parte de uma relação abusiva na qual o homem considera a mulher como uma coisa, um objeto ou um ser inferior, que a ele deve obediência. É uma evidente herança de uma cultura marcada pelo patriarcado, que tem em suas bases a ideia de inferioridade da mulher diante do homem.

Ainda que se tente mudar, por fazer parte das raízes culturas, é difícil, e a ideia de igualdade encontra uma forte resistência. A antropóloga Margareth Meadesclarece que os comportamentos e personalidades adotadas pelos homens e mulheres na sociedade não são inatos, já que, na realidade, são padrões culturais passados de geração em geração.

Em seu Livro Sexo e Temperamento, explica que as “diferenças entre indivíduos que são membros de diferentes culturas, a exemplo das diferenças entre indivíduos dentro na mesma cultura, devem ser atribuídas quase inteiramente às diferenças de condicionamento, em particular durante a primeira infância, e a forma deste condicionamento é culturalmente determinada. As padronizadas diferenças de personalidade entre os sexos são desta ordem, criações culturais às quais cada geração, masculina e feminina, é treinada a conformar-se.”[14]. 

Por isso, além de punir os autores da violência, deve-se buscar a educação deles e de toda a comunidade, até que a ideia de igualdade de direitos e deveres seja aceita por toda ou por grande parte da população. Enquanto isso não é possível, as autoridades e grandes empresas tentam promover campanhas de conscientização e adotar medidas de apoio às mulheres.

Exemplo[15] dessas medidas foi a campanha lançada pelo Conselho Nacional de Justiça do Brasil, chamada “Sinal vermelho contra a violência doméstica”, na qual a mulher desenha um “x” vermelho feito com batom ou qualquer outro material e o mostra a um funcionário de uma farmácia registrada, que aciona a polícia para socorre-la. Ou uma loja que tem em seu aplicativo produtos de maquiagem para “esconder manchas e marquinhas” (da violência), e que direciona a mulher a um botão de denúncias, ou seja, enquanto ela disfarça estar fazendo compras, pode apertar o botão sem que ninguém perceba.

O Instituto Avon, lançou uma campanha chamada #isoladassimsozinhasnão, no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Equador, Peru e México, na qual foi desenvolvida uma ferramenta que, via WhatsApp, envia às mulheres vídeos com tutoriais de maquiagem e, durante a exposição do conteúdo, são facilitadas informações de combate a agressões contra a mulher, como o número de telefones de emergências e incentivos para apoio das vítimas. Outra campanha feita no Brasil em conjunto com a empresa Uber, foi realizada também via WhatsApp, onde há uma caixa de diálogo por meio da qual é feito um rastreio da vítima e do nível de risco a que ela está exposta. A vítima recebe as orientações e informações necessárias de apoio e, se não tem como ir até o local de ajuda, a Uber oferece o transporte de forma gratuita.

O governo francês, por sua vez, anunciou uma ajuda de um milhão de euros para as organizações que auxiliam no combate da violência doméstica, além de pagar 20.000 noites em hotéis para que as vítimas possam escapar de seus companheiros abusivos. Outra medida, semelhante à campanha feita no Brasil, é o incentivo para que a vítima faça a denuncia nas farmácias. Na Espanha, essa campanha também está vigente, bastando que a mulher solicite uma “mascarilla 19” (máscara 19), código utilizado para que o funcionário identifique a situação de violência e entre em contato com as autoridades[16].

Em todos os lugares, muitas são as medidas adotadas com objetivo de apoiar as mulheres que vivem nessa situação de violência, principalmente em tempos de quarentena. No entanto, tudo o que é feito não é suficiente para diminuir ou solucionar o problema da violência doméstica.

Para isso, é necessário que as ideias que encontram raízes em nossas culturas, que ainda encontram diferenças de direitos e deveres entre os homens e as mulheres, sejam rechaçadas. Enquanto não deixarem de existir, com a mudança cultural que é um processo muito lento, nesses países, onde se identifica o relevante e preocupante aumento da violência contra as mulheres, elas terão que ser mais guerreiras e enfrentar muito mais desafios, como o fazem atualmente. Isto é, sobreviver a duas pandemias concomitantemente. O que preocupa é: até quando suportarão e terão forças para isso? 

 

Lea el texto completo disponible aquí....

El mensaje del foro es editado por Maria Carolina Estepa Becerra Jul 20 '20


Eva colectiva



Reflexiones sobre la actuación de la mujer en la política y la igualdad de derechos

 


Célia Teresinha Manzan[1]

 

Para iniciar, se hace oportuno traer a colación un breve recuento jurídico en lo referente a instrumentos normativos nacionales e internacionales que versan sobre los caminos que ha ganado la mujer en la política brasilera. Varios instrumentos han surgido entorno a la cuestión femenina tratada en un amplio debate con miras a buscar su empoderamiento y su efectiva participación. Si no, veamos:

            El 7 de noviembre de 1967, la Asamblea General de las Naciones Unidas, por medio de la Resolución No. 2263 (XXII), proclamó la Declaración sobre la Eliminación de la Discriminación en contra de la mujer” [2]; que traduce en su núcleo, un maravilloso abordaje, cuyos términos son fuertes, en busca de la igualdad de géneros. Así, inicia reafirmando que la “dignidad es el valor de la persona humana”, consagrado en la Carta de las Naciones Unidas[3]; al igual el “principio de no discriminación, de libertad e igualdad en derechos”.

            En los términos de la Declaración Universal de Derechos Humanos[4] y, considerando la gran contribución de la mujer en la vida social, política, económica, y cultural, la participación de la mujer y del hombre en todos los campos es indispensable para “el desarrollo completo de un país, el bienestar del mundo y la causa de la paz”.

            También, consagra que el “principio de igualdad de derechos constará en la Constitución y será garantizado por ley”; prevé una toma de medidas apropiadas para educar a la opinión pública proyectando erradicar la idea de inferioridad de la mujer; en cuanto a la participación política, protege “el derecho de votar en todas las elecciones, referendos y ser elegible para integrar cualquier organismo constituído mediante elecciones públicas”; el derecho a ocupar cargos públicos y ejercer las funciones públicas”.

            Según la Organización de las Naciones Unidas - ONU[5], el “Derecho a la libertad de reunión y participación política”, se encuentra entre los 12 derechos de las mujeres. La Convención sobre los derechos políticos de la Mujer[6], de 1953 y la ya citada Convención para la Eliminación de Todas las Forma de Discriminación en contra de la Mujer, reconocerán la desigualdad entre los sexos frente al acceso/ocupación de los cargos públicos y establecerán que las mujeres deberían tener iguales condiciones de ser elegidas en los cargos de elección popular y, poder participar de igual forma que los hombres, en la vida política, social, económica y cultural del país, y como deber de cada Estado está el adecuar los medios necesarios para promover esa igualdad.  

            Para el Estado brasileño, el derecho de la mujer al voto fue conquistado en el primer Código Electoral -Decreto No. 21.076, de febrero 24 de 1932-, instituido durante un gobierno provisional, en el cual no se hacía diferencia entre hombres y mujeres en lo referente al derecho al voto, el los términos del artículo 2º que decía: E' eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na fórma deste Código. Así, ambos, al cumplir los 21 años de edad, ya podrían participar con su preferencia en las elecciones.

            No obstante, la conquista del derecho al voto solamente es efectivo a partir de 1930, cuando muchas mujeres intentarán postularse como candidatas electorales, cumpliendo con la normatividad jurídica de la época. La historia nos cuenta que Celina Guimarães Viana, fue la primera mujer en votar en el Brasil, y el primer Estado en implementar la diferencia sexualcon fines electorales fue el Estado de Río Grande del Norte[7]. También se dio en el año de 1928, en el Municipio de Lages, en este Estado, la elección de la primera mujer Prefeita (alcaldesa), del Brasil y de América Latina, llamada Alzira Soriano[8].

            La vigente Carta brasileña, de 1988[9], asegura, en su artículo 5º, el principio constitucional de igualdad, en los siguientes términos: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, ...”  (resaltado propio).

            Como se observa en los instrumentos nacionales e internacionales citados, la igualdad entre hombre y mujer es uno de los puntos más debatidos, con el objeto de hacer visible y disminuir el grado de inferioridad en que se encuentra la figura femenina. De acuerdo con este cuadro de discriminación existente hace muchos años en nuestra sociedad, como medida, en Brasil se instituyó la política de cuotas, como una forma de promoción de la mujer en la política.

            De esta forma, las cuotas para las mujeres tienen por objetivo el aumento de electas para los cargos públicos, entre tanto, para su aplicación dependerá de varios factores. Esta acción afirmativa se esparció por América Latina a partir del compromiso de promoción de igualdad de género firmado en la conferencia de Beijing de 1995[10](IV Conferencia Mundial sobre la Mujer), que tiene como fundamento la reserva de espacios y recursos públicos para la promoción de la elección de mujeres. En relación a la política de cuotas en Brasil:

La Ley 9.100/1995, que reglamentó las elecciones municipales de 1996, previó que para el cargo de Concejal que el 20% de las reservas de cada partido o coalición de la elección, deberían ser ocupadas por candidaturas de mujeres. Ya la ley electoral vigente hasta hoy, Ley 9504/1997, indicó una reserva (no es exáctamente su objeto) del 30% de las candidaturas de los partidos de coalición para cada sexo en elecciones proporcionales (o sea, para concejal/a, diputado/a estatal y diputado/afederal), como una disposición transitoria que definía un porcentaje del 25%  apenas para las elecciones generales de 1998. Pero, contrario a lo que se esperaba, disminuímos de 6,2% de elegidas a la Cámara de Diputados en 1994, en una elección sin cuotas, a un 5,7% en las elecciones de 1998, con sistema de cuotas. A partir del año 2002, ya con un porcentaje garantizado del 30%, el aumento de número de elegidas para la Cámara de Diputados fue creciendo, pero sin fuerza, hasta el 8,8% en 2006[11].

            Hemos de preguntar si esta política de cuotas funciona, pero, si observamos los índices de mujeres electas para cargos parlamentarios desde la adopción de las cuotas, dada en 1995, se puede aducir que no ha sido efectiva. Un estudio realizado por la Organización de las Naciones Unidas en 174 países, en el año de 2017, colocó a Brasil en el puesto 154º de participación de las mujeres en el Congreso[12]: con 55 de los 513 cupos de la Cámara, ocupados por mujeres (10,7%), y 12 de las sillas del Senado son ocupadas por representantes féminas (14,8%), siendo una gran desproporción en relación con el sexo masculino.

            Como un hecho adicional a la Ley 12.034/2009, que alteró la Ley 9.100/95 es el artículo 10, §3º, de la Ley 9.504/97, al establecerse para cada partido o coalición un porcentaje, ahora, el mínimo es de 30% y el máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, esto justificó que los partidos políticos no tuvieran en cuenta el límite porcentual mínimo, pero, solamente el porcentaje máximo del 70% de los cupos de candidaturas que tenían derecho son candidatos del sexo masculino[13].

            En busca de la protección jurídica y la efectiva participación de la mujer en política, el Tribunal Superior Electoral, en demanda de Acción Directa de Inconstitucionalidad número 5.617, decidió que para las elecciones de 2018, una destinación de por lo menos un 5% del Fondo Partidario, del Fondo Especial de Financiamiento de Campaña y del tiempo de propaganda gratuita, deben ser destinados a las candidaturas femeninas. Bajo esta óptica, en las últimas elecciones del año 2018, tuvimos un pequeño aumento de cerca al 10% de las candidaturas de mujeres que se puede concluir que aún está debajo de lo esperado, teniendo en cuenta que de cada 10 personas en Brasil, 5 son del sexo femenino, o sea, el proceso de discriminación en las elecciones continúa[14].

            De esta breve exposición, se puede concluir que, no obstante los intentos de igualdad, como la de cuotas, mencionadas al final, no vienen siendo suficientes, a tal punto de garantizar la elevación de la representación participativa en la política por las mujeres. Vivimos en un país aun patriarcal donde la mujer se encuentra en una posición de inferioridad de cara al hombre, en todos los niveles sociales.

            Y, en un Estado democrático de derecho, la igualdad, la justicia y la inclusión son puntos preminentes que necesitan ser ejercidos y concretizados en el aspecto político en relación a las mujeres. Por esto, son merecedoras, pues, muchas ya sufrieron violencia, fueron victimizadas y humilladas. Además, poseen una fuerza interior única, generan vida, crían y educan a los hijos, trabajan en horario múltiple para contribuir al sustento familiar, tienen el poder de amar, cuidar y perdonar y, en el poco espacio de tiempo que le resta, busca perfeccionarse en sus estudios. Siendo así, por justicia y mérito, la autorrepresentación de las mujeres en la política es fundamental, tanto para que actúen como actoras de sus propias luchas, como para, en igualdad, equilibrar los espacios y las relaciones de poder en el escenario político del país.

  


[1]Graduada em Direito pela Universidade de Uberaba – UNIUBE; especialista em Direito Processual Civil, pela Universidade Federal de Uberlândia, em Direito Público e Filosofia do Direito, pela Faculdade Católica de Uberlândia; em Direito Constitucional, pela Università di Pisa/Itália; Mestre em Direito Constitucional pela Instituição Toledo de Ensino, de Bauru/SP; pesquisadora REDIPAL, do México;  Doutoranda em Direito Constitucional pela Universidade de Buenos Aires – UBA/ArgentinaCorreio eletrônico: celiamanzan@gmail.com

[2]https://nacoesunidas.org/carta/, consultada em 01 de maio de 2020.

[3]https://nacoesunidas.org/carta/, consultada em 01 de maio de 2020.

[4]https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/, consultada em 01 de maio de 2020.

[5]http:///...reitodasmulheres.htm, pesquisado em 02 de maio de 2020.

[6]https://cse.google.com/cse?q=Carta+das+Na%C3%A7%C3%B5es+Unidas&sa=Search&ie=UTF-8&cx=partner%2Dpub-6638247779433690:3873384991#%9C, pesquisado em 12 de maio de 2020.

[7]SCHUMAHER, Schuma; CEVA, Antônia. Mulheres no poder: trajetórias na política a partir da luta das sufragistas do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2015.
VARIKAS, Eleni. Pensar o sexo e o gênero. Tradução de Paulo Sérgio de Souza. São Paulo: Editora Unicamp, 2016, pág. 72-73.

[8]CHUMAHER, Schuma; CEVA, Antônia. Obra citada. Pág. 65-66.

[9]http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm, consultado em 28 de maio de 2020.

[10]https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2426432, pesquisado em 14 de maio de 2020.

[11]http:///...l-e-sua-importancia/, pesquisado em 08 de maio de 2020.

[12]ONUBR. Brasil fica em 167º lugar em ranking de participação de mulheres no Executivo, alerta ONU. 16 mar. 2017. Disponível em: https://nacoesunidas.org/...xecutivo-alerta-onu/ Acesso em: 10 maio de 2020.

[13]ALMEIDA, Jéssica Teles de. A proteção jurídica da participação política da mulher: fundamentos teóricos, aspectos jurídicos e propostas normativas para o fortalecimento do modelo brasileiro, Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós Graduação em Direito, Fortaleza, 2018. 214 f.

[14]VELASCO, Clara; OLIVEIRA, Leandro. Número de mulheres eleitas se mantém no Senado, mas aumenta na Câmara e nas Assembleias Legislativas. G1, 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/...enta-na-camara-e-nas assembleias.ghtml> Acessado em 12 de maio de 2020.


Eva colectiva



El confinamiento como una ventana hacia el mundo y el alma

 

Marcella Anversa

Brasil

 

Fui invitada por nuestra querida Carol, como la llamamos cariñosamente aquí en Brasil, a compartir y multiplicar pensamientos con otras mujeres sobre lo que estamos viviendo en este inesperado momento de pandemia. Aquí traté de reunir mis opiniones, mis sentimientos y, gracias a esta invitación, también me nació el deseo de buscar historias de otras mujeres como inspiración.

¡Un placer! Me llamo Marcella, soy ítalo-brasileña, madre, esposa, hija, hermana, amiga, nutricionista y tengo 35 años. Estoy muy feliz con este llamado de mi querida Carol y espero intercambiar contigo, querida(o) lectora(r) de este libro, pensamientos y reflexiones sobre esta locura que estamos viviendo y, por qué no, un poco de historia.

¿Qué vamos a aprender de todo lo que estamos pasando? ¿Vamos a ser mejores seres humanos después de que todo esto se haya ido? Es la pregunta que más escucho estos días y una de mis inspiraciones para escribir este texto.

Todavía no tengo una respuesta. Si tomamos la Historia como punto de referencia, podemos ver que ya pasamos por epidemias mucho más letales y, desafortunadamente, la humanidad no cambió. Veo transformaciones en la medicina, la tecnología, la gestión pública, pero en lo que respecta a la humanidad, para la gran mayoría, desgraciadamente parece que no vamos a evolucionar.

De momento, mi principal preocupación es cuidarme para postergar lo máximo que pueda mi contacto con el virus. Estar cerca de algo que puede o no quitarme la vida me hace pensar diariamente enlo más precioso que tengo que perder. Y quiero seguir luchando en busca de mis sueños al lado del compañero que elegí para esta vida, compartir y aprender con todos los que amo y ver crecer a mi hijo e intentar hacer lo mejor que pueda para prepararlo para este mundo.

Desde hace mucho tiempo que no pasábamos por algo parecido. Me atrevo a decir que desde la Segunda Guerra Mundial nada “se había salido de su lugar” como ahora. Nunca podría haberme imaginado que algún día viviría una situación en la que no pudiera tener un control total sobre mis actos ni pudiera hacer lo que quisiera.

Antes de pensar de nuevo en una respuesta, hay otro factor que me angustia mucho más: la miseria que afecta al 25% de mi Brasil. Vivo en un país donde podemos clasificar una parte como Suiza, pero la mayoría como Burundi, en África. Una de las técnicas que adoptaron casi todos los países para contribuir con el combate de la pandemia, el aislamiento social, es una realidad que se les hace imposible poner en práctica a la gran mayoría de los brasileños. Si se quedan en casa, se mueren de hambre. Muchos ni siquiera tienen casa.

Y, como si todo lo asustador que estamos viviendo en este momento por un virus, fuera poco, encima nos toca pasar por una horrible y aterradora agonía política.

No podemos tampoco olvidarnos de que estamos viviendo una pandemia mediática. El exceso de información, muchas veces contradictoria, puede hacernos vivir en función del miedo. Siento que la forma de tranquilizarnos para actuar de manera segura es identificándonos con una línea de pensamiento y rodeándonos de toda la información posible que la alimente.

Como defiendo el aislamiento, me siento privilegiada por poder quedarme en casa. Estoy orgullosa de poder programarme en mi rutina para no tener que exponerme en exceso y quitarle la cama de hospital a quien no puede hacer lo mismo que yo. Estar en casa, literalmente confinada, me dio la oportunidad de reinventarme. Esta invitación de verdad me dio la oportunidad de salir de mi zona de confort e ir en busca de información y contenido que no siempre me quedaba tiempo de hacerlo para alimentarme. 

Soy la madre de un hermoso niño llamado Joaquim, de casi 3 años. Tan pronto como quedé embarazada, tomé la decisión de dedicarme 100% a la maternidad. Fue mágico ver a principios de este año, 2020, que a los 2 años y medio Joaquim iba a la escuela por primera vez. Ver en sus ojitos la alegría de poder jugar con sus compañeritos, que lo estimularan tan bien y apreciar cómo le encantaba verse rodeado de cuidados, fue muy especial. Sin hablar del tiempo que iba a empezar a tener para mí. Fue liberador para los dos. Para él en el sentido de los descubrimientos, para mí por el reencuentro conmigo misma y el regreso a algunas cosas que había renunciado de las que nunca me arrepiento.

Confinada con un niño de 2 años, tuve que reinventarme. Partir del presupuesto de que tiene el privilegio de poder quedarse en casa con sus padres y con la heladera abastecida, ya me llena el corazón de gratitud. Cuando pienso en quienes no tienen la misma oportunidad que yo, no me parece justo, bajo ninguna hipótesis, quejarme de esta nueva situación y de los tan inesperados cambios de planes que estoy viviendo.

Cuidar de la casa, a mi familia, a mí, entre tantas otras funciones que estoy orgullosa de tener y lograr hacer con éxito, me despertó la necesidad de una más: ir en busca de historias de otras mujeres increíbles que me inspiran y que, así como nosotros en este momento de retos y luchas, marcaron la diferencia con sus actitudes y fortalezas. Entre tantas mujeres increíbles, elegí a dos mujeres brasileñas, médicas, que durante el tiempo que trabajaron en sus respectivas áreas, se convirtieron en hitos, desafiaron todo y a todos, conquistaron sus objetivos y dejaron de una manera hermosa, conductas y cuidados que hasta nuestros días se siguen adoptando.

Empecemos con Nise da Silveira, brasileña, nacida en Maceió en 1905. En 1926 se graduó en medicina en la Facultad de Medicina de Bahía, siendo la única mujer entre los 157 hombres de su clase y una de las primeras mujeres brasileñas en graduarse en medicina. Médica psiquiatra, se hizo conocida mundialmente por humanizar el tratamiento psiquiátrico en Brasil, porque estaba en contra de las formas agresivas de tratamiento que se usaban en su época y por defender el valor terapéutico entre pacientes y animales, pacientes y arte.

En 1936, durante la Intentona Comunista, arrestaron a Nise después de una denuncia de que poseía libros marxistas, por lo que estuvo presa 18 meses. Tras su arresto, la sacaron del servicio público por razones políticas y hasta 1944, ella y su esposo, el sanitarista Mário Magalhães da Silveira, vivieron en la semiclandestinidad.

Cuando fue reincorporada al servicio público, reanudó su lucha contra las técnicas psiquiátricas que, según ella, eran agresivas para sus pacientes, como el electrochoque y el confinamiento. Por estar en contra y por negarse a adoptar esas técnicas con sus pacientes, Nise fue transferida, en la institución donde trabajaba, al sector de terapia ocupacional, una actividad despreciada por los médicos en ese momento, donde fundó en 1946 la “Sección de Terapia Ocupacional”. En ese sector, antes de Nise, los pacientes realizaban tareas de limpieza y mantenimiento, clasificadas eufemísticamente como terapia ocupacional. Después de su llegada, las viejas tareas fueron reemplazadas por talleres de pintura y modelado para estimular la expresión simbólica y la creatividad de los pacientes, para que pudieran reanudar sus vínculos con la realidad y fue así como Nise revolucionó la psiquiatría que se practica ahora en Brasil.

Fueron muchos años de estudio, dedicación, profundización, obras publicadas e innumerables reconocimientos nacionales e internacionales. En 1952 fundó el Museo de Imágenes del Inconsciente con obras producidas en los talleres que había creado en la institución, usándolas como una posibilidad de comprensión más profunda de la esquizofrenia. Esta valiosa colección fue una inspiración para la escritura de su libro “Imágenes del inconsciente”, así como para películas y exposiciones. En 1956 creó la Casa das Palmeiras, una clínica para la rehabilitación de antiguos pacientes de instituciones psiquiátricas que allí podían expresar su creatividad y ser tratados como pacientes que tenían una rutina de tratamiento hospitalario, pero que se estaban reintegrando a la sociedad.

En 1999, a la edad de 94 años, Nise fue hospitalizada por neumonía y falleció de insuficiencia respiratoria aguda. Ella y su marido decidieron no tener hijos para poder dedicarse exclusivamente a la carrera médica. Dejaron el hermoso y generoso legado de que se pueden usar el amor y el cuidado al prójimo como tratamiento.

Otra gran mujer es Zilda Arns Neumann, brasileña, nacida en Santa Catarina en 1934. En 1959 se graduó en medicina en la Universidad Federal de Paraná y profundizó sus estudios en salud pública, pediatría y saneamiento. Cuando se enfrentó a un número significativo de niños que eran internados por enfermedades de fácil prevención, como la diarrea y la deshidratación, Zilda empezó a dedicarse a salvar a los niños pobres de la desnutrición, la mortalidad infantil, la violencia doméstica y la marginalidad, con la ayuda de una de las principales herramientas de más éxito del mundo: la educación.

En 1980 su experiencia la llevó a que el gobierno del Estado de Paraná la invitara a coordinar la campaña de vacunación para combatir la primera epidemia de poliomielitis a través de un método específico que, después de haber tenido mucho éxito, fue adoptado por el Ministerio de Salud. En 1983 fue una de las creadoras y coordinadora de la Pastoral del niño, una acción social que ha recibido varios premios y, desde su fundación, ha acompañado a 1.816.261 niños menores de seis años y 1.407.743 familias pobres en 4.060 municipios brasileños. El proyecto también capacitó a más de 261.962 voluntarios que aportaron conocimientos sobre nutrición, educación y ciudadanía a miles de comunidades pobres de este país. En 2004 también fundó y coordinó la Pastoral de la Persona Anciana, por medio de la cual más de doce mil voluntarios cuidan mensualmente a más de cien mil personas mayores en 579 municipios de 141 diócesis en 25 estados de Brasil.

El 12 de enero de 2010 Zilda viajó a Puerto Príncipe, Haití, con una misión humanitaria de introducir la Pastoral da Criança en el país. Después de su discurso ante unas 150 personas, el país fue golpeado por un terrible terremoto que causó la caída del techo de la Iglesia donde Zilda hablaba, golpeándola directamente en la cabeza. La Dra. Zilda Arns fue una de las víctimas de esta terrible catástrofe y murió en el acto. Madre de seis hijos y abuela de diez nietos, Zilda nos dejó con una increíble historia de lucha, victoria y un lindo ejemplo de compasión y amor en el cuidado.

Estas mujeres fueron y serán recordadas no solo por sus victorias, sino también por los estímulos e impulsos que las hicieron seguir sus caminos en busca de lo que creían. Estas fueron dos de las increíbles historias que elegí para llenar parte de mi tiempo en este momento que para muchos es solo de tristeza, agonía y miedo, pero que, para mí, aparte del sentimiento colectivo de dolor y angustia, también se trata de aprendizajes, inspiraciones y autosuperaciones

¡Listo! Encontré mi respuesta.

Gracias Nise, Zilda, mis abuelas, mi madre, mis tías, mi prima, mis amigas y tantas otras mujeres por haberme inspirado, hacerme querer ser mejor todos los días y desear que, allá lejos, pueda mirar hacia atrás y enorgullecerme de todo lo que hice y conquisté.


Eva colectiva

 

¿A cuántas pandemias las mujeres conseguirán sobrevivir?

 

 

Dayane Garcia Lopes Criscuolo[1]

Brasil

 

Desde el inicio del año de 2020, las principales noticias de los periódicos y de la televisión se ocupan en informar a la población mundial de la peste causada por el nuevo coronavirus, la Covid-19. Este virus fue identificado por primera vez en la ciudad de Wuhan, China, y jamás se pensó que pudiera causar los efectos que causó.

De fácil contagio, se extendió rápidamente por todo el mundo, por lo que el 30 de enero la Organización Mundial de Salud – OMS declaró que el brote del coronavírus constituía una Emergencia de Salud Pública de Importancia Internacional (ESPII), el nivel más alto de alerta de la Organización. Esa declaración tenía como finalidad mejorar la coordinación, cooperación y la solidaridad global para detener la propagación del virus[2].

Sin un medicamento o una vacuna capaz de detener el virus, la principal salida para evitar el rápido contagio fue el establecimiento de la cuarentena por las autoridades de la mayoría de los países afectados por la molestia. Eso porque, su fase más grave exige que los hospitales estén preparados con una serie de equipamientos para el auxilio de la respiración de los enfermos, y después de analizada la velocidad del contagio y el tiempo de tratamiento, fue constatado que el sistema de salud no tendría capacidad para cuidar de todos los ciudadanos, si enfermaran al mismo tiempo.

Es decir, para evitar un colapso del sistema de salud y garantizar el tratamiento adecuado a todos los enfermos, la mejor solución encontrada por las autoridades fue que las personas se quedasen en sus casas. El comercio cerró sus puertas, las ciudades pararon y solo continuó en actividad los servicios considerados esenciales; en algunos casos la medida extrema del lockdown también fue adoptada. Actualmente, es posible identificar un esfuerzo de las autoridades en intentar abrir sus economías y retomar sus actividades gradualmente.

Los graves problemas de salud pública y económicos traídos por la pandemia, dividen las páginas de los periódicos con las noticias sobre el aumento del número de casos de violencia contra las mujeres en razón del género. Es decir, la vida de un número muy grande de mujeres se volvió mucho más difícil cuando las puertas de sus casas también fueron cerradas por la cuarentena. 

El aumento de la convivencia, los problemas financieros, la crisis económico familiar, el desempleo, el miedo de la enfermedad, son factores que perjudican la armonía en los hogares. Además de eso, en las casas en donde ya era común la violencia, ésta se intensificó.

Los números no mienten[3]. En la provincia de Hubei, en donde comenzó la pandemia, el número de casos de violencia doméstica en uno de sus municipios se triplicó durante el período de lockdown. Según la OMS, los servicios de emergencia en Europa registraron un aumento de hasta 60% en el número de llamadas de mujeres víctimas de violencia doméstica[4]. El gobierno regional catalán registró un aumento de 20% en el número de las llamadas para su línea de apoyo en el período de confinamiento. En Chipre, hubo un alza de 30% en el número de las llamadas al servicio de ayuda. En Francia, en el mes de marzo, en una semana de restricción el número de casos de violencia reportados creció 36% en Paris y 32% en el resto del país[5].

Además de eso, el hecho que el agresor y la victima estén juntos en casa, es decir, en el mismo sitio, imposibilita, muchas veces, el pedido de ayuda por medio de llamadas, porque la víctima tiene miedo de que su denuncia sea descubierta y sufrir más agresiones. Es lo que ocurrió en Italia[6], donde el número de llamadas disminuyó, pero el de mensajes de texto y correos desesperados aumentó considerablemente. 

En México, sólo en abril fueron registradas 20.000 llamadas, un alza de 42% en comparación al mismo período en el año de 2019[7]. En Colombia[8], la Secretaría de la Mujer informó que durante la cuarentena hubo un aumento de 230% en las cifras de violencia en el hogar. En Chile, las llamadas a las líneas de ayuda han aumentado en más de un 70%; y en Argentina hubo un aumento de 39%[9]. En Perú, hubo un incremento de 50,3%[10] en el número de llamadas en las líneas telefónicas de denuncia. En Brasil, en el Estado de São Paulo hubo un aumento de 30% y en Rio de Janeiro de 50% en el número de casos de violencia[11], y en el teléfono de apoyo hubo un alza de 40% en el número de llamadas en todo el país[12].

El aumento en el número de llamadas no aclara el real escenario, ya que muchos casos no son registrados. No presenta la real situación de cada mujer, la consecuencia de cada agresión o acto violento, pero ayuda a comprender la difícil realidad vivida por un número significativo de mujeres, ya que el aumento en el número de llamadas traduce el potencial riesgo que hace parte del día a día de cada una de ellas.

La violencia de género contra las mujeres es un grave problema social y, además de eso, se puede afirmar que es un grave problema a la salud ya que en muchos casos la violencia es muy grande, a tal punto que la mujer necesita de atención hospitalaria e incluso en muchos casos puede llegar a la muerte. Por la gravedad del asunto, ese tipo de violencia, fue clasificado por el jefe de la Organización de las Naciones Unidas – ONU en un evento realizado en noviembre de 2018 como una “pandemia global”.

Según el secretario general de la ONU, António Guterres, “el mundo solo se orgullecerá de ser “justo e igualitario” cuándo las mujeres puedan vivir libres del miedo y de la inseguridad cotidiana”. Y añadió que en “su esencia, la violencia contra las mujeres y niñas, en todas sus formas, es la manifestación de una profunda falta de respecto, el fracaso de los hombres en reconocer la igualdad y la dignidad inherentes a las mujeres. Es un problema de derechos humanos fundamentales.”[13].

En el artículo recién publicado por la directora-ejecutiva de la ONU Mujeres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que trata del problema del aumento de la violencia en tiempos de aislamiento social en razón del coronavirus, afirmó que con “90 países en encierro social, 4 mil millones de personas se están refugiando en sus hogares contra la infección global del nuevo coronavirus. Es una medida protectora, pero trae otro peligro mortal. Vemos una pandemia creciente en las sombras, la de la violencia contra las mujeres.”[14].

Es decir, basado en esas afirmaciones hechas por las autoridades de OMS y ONU, es posible afirmar que las mujeres, actualmente, intentan sobrevivir, concomitantemente, a dos pandemias. Es una situación muy cruel, y de la cual muchas mujeres no consiguen ver una salida, pues en muchos casos no tienen condiciones psicológicas y financieras para salir de sus hogares y dejar atrás esa realidad injusta de la cual son parte. 

La violencia contra la mujer tiene como principal actor el compañero y como víctima su esposa, novia, hija o hijastra. Es decir, es practicada por la persona con la cual la mujer convive, y forma parte de una relación abusiva donde el hombre mira a la mujer como una cosa, un objeto o un ser inferior, que a él debe obediencia. Es una evidente herencia de una cultura marcada por el patriarcado, que tiene en sus bases la idea de inferioridad de la mujer delante del hombre.

Aunque se intente cambiar, al ser parte de las raíces culturales, es difícil, y la idea de igualdad encuentra una fuerte resistencia. La antropóloga Margareth Mead aclara que los comportamientos y personalidades adoptadas por los hombres y mujeres en la sociedad no son innatos, ya que, en verdad, son estándares culturales pasados de generación en generación.

En su libro “Sexo e Temperamento”, explica que las “diferencias entre individuos que son miembros de diferentes culturas, a ejemplo de las diferencias entre individuos dentro de la misma cultura, deben ser atribuidas casi enteramente a las diferencias de condicionamiento, en particular durante la primera infancia, y la forma de ese condicionamiento es culturalmente determinada. Las estandarizadas diferencias de personalidad entre los sexos son de ese orden, creaciones culturales a las cuales cada generación, masculina y femenina, es entrenada a conformarse”[15].

Por eso, además de la punición de los actores de la violencia, debe ser buscada la educación de ellos y de toda la comunidad, hasta que la idea de igualdad de derechos y deberes sea aceptada por toda o gran parte de la población. Mientras eso no sea posible, las autoridades y grandes empresas intentan promocionar campañas de concientización además de adoptar medidas de apoyo a las mujeres. 

Ejemplo[16] de esas medidas fue una campaña del Consejo Nacional de Justicia de Brasil, llamada “Señal rojo contra la violencia doméstica”, en que la mujer diseña una ‘x’ roja hecha con pintalabios o cualquier otro material y lo muestra a un funcionario de una droguería registrada, que acciona a la policía para socorrerla. O una tienda que tiene en su aplicativo, productos de maquillaje para “esconder señales y lunares” (de la violencia), y que direcciona la mujer a un botón de denuncias, o sea, mientras ella disfraza estar haciendo compras, puede pulsar el botón sin que nadie lo perciba.  

El Instituto Avon, lanzó una campaña llamada #AisladasNoSolas, en Brasil, Argentina, Chile, Uruguay, Colombia, Ecuador, Perú y México, en que fue desarrollada una herramienta que, vía WhatsApp, envía a las mujeres videos con tutoriales de maquillaje, y durante la exposición del contenido son facilitadas informaciones de combate a agresiones contra la mujer, como el número de teléfonos de emergencias e incentivos para apoyo de las víctimas. Otra campaña en Brasil, en conjunto con la empresa Uber, fue hecha también vía WhatsApp, donde hay una caja de diálogo por medio de la cual se hace un rastreo de la victima y del nivel de riesgo a que ella está expuesta. La víctima recibe las orientaciones e informaciones necesarias de apoyo y si no tiene como ir hasta el local de ayuda, la Uber ofrece el transporte gratuito.

El gobierno francés, a su vez, anunció una ayuda de un millón de euros para las organizaciones que auxilian en el combate de la violencia doméstica, además de hacer el pago de 20.000 noches en hoteles para que las victimas puedan escapar de sus parejas abusivas. Otra medida, semejante a la campaña hecha en Brasil, es el incentivo a la víctima a hacer la denuncia en las droguerías. En España esa campaña también está vigente, basta que la mujer solicite una ‘mascarilla 19’, código utilizado para que el funcionario identifique la situación de violencia y haga el contacto con las autoridades[17].

En todos los lugares muchas son las medidas adoptadas para intentar apoyar las mujeres que viven en esa situación de violencia, principalmente en tiempos de cuarentena. Sin embargo, todo lo que se hace no es suficiente para disminuir o solucionar el problema de la violencia doméstica.

Para eso, es necesario que las ideas que encuentran raíces en nuestras culturas, que aun encuentran diferencias de derechos y deberes entre los hombres y mujeres, sean rechazadas. Mientras no dejen de existir, con el cambio cultural que es un proceso muy lento, en esos países, donde se percibe el relevante y preocupante aumento de la violencia contra las mujeres, ellas tendrán que ser más guerreras y enfrentar muchos más desafíos, como lo hacen actualmente. Es decir, sobrevivir a dos pandemias concomitantemente. Lo que preocupa es, ¿hasta cuándo soportarán y tendrán fuerzas para tanto? 

Texto completo disponible en PDF Aquí. 

 


Me sinto muito mais forte sem o seu amor

 

Josefina Maharbiz[1]

Argentina

 

O amor romântico, através do qual xs seres humanxs controem a maioria das relações que estabelecem, não nos apresenta uma forma de fortalecermos nem individualmente nem em coletivo. Pensemos na popular “meia laranja”, pareceria que segundo o ditado popular, sempre necessitamos a um outrx para poder estar completoxs[2], e claro que não é assim.

            Neste sentido quero citar a frase: “Me sinto muito mais forte sem o seu amor”- um fragmento de um álbum muito bonito do querido Charly Garcíaa[3]mal acostumadxs a este tipo de amor nocivo e danoso, ressoando todo tempo esta frase na minha cabeça.

            Dando uma reviravolta neste assunto, a maternidade plantada com os cânones da cultura patriarcal que vivemos e não desenvolvemos se apresenta como algo que nos vem a completar a meia laranja dxs corpxs gestantes – e completamente romantizado. A realidade é que muitas vezes uma se sente mais forte e menos vulnerável sem ter que compartilhar seu corpo e seus dias com um outrx que vem – adiante de descobrir um filhx desejadx é a coisa mais bonita que podemos transitar – de alguém que vem a retirar de nós parte de nossa autonomia e segurança; e por fim, não nos completa absolutamente nada. Pelo contrário, muitas vezes nos debilita (sempre pensando nos términos patriarcais nos que planta a maternidade nos corpos gestantxs).

            Sabemos e nos imaginamos que desde o primeiro instante que começamos a gestar, tudo será montanha a cima. Porque além do que vivemos numa sociedade “dobradiça”[4] nestes temas, as mulheres seguem sendo as que postergamos nossa individualidade e desenvolvimento pessoal e profissional por ter que nos ocuparmos, quase que por imposição divina, as tarefas de cuidado.

 

Minha experiência pessoal

 

            Somente restaram lembranças de uma adolescência com algum relacionamento sem racionalidade, e uma criança em um povoado pequeno em que era dito: “se fico no povoado, terei muitos filhxs, porque senão o que vou fazer”.

            Longe ficou essa adolescente que poderia chegar a ter em seus planos ficar em Noetinger[5]seu povoado natal em Córdoba (Argentina), e converter-se em uma parideira sem causa. A decisão parecia clara, NÃO QUERIA SER MÃE.

            Como a maioria das coisas sucedem muitas vezes, sem que as busque. Passou: fiquei grávida. Apesar do aborto na Argentina ser legal tive tempo e privilégio de poder decidir o que fazer. Finalmente decidi seguir adiante com a gravidez. Essa história não teve um final feliz – ou finalmente sim – com poucas semanas perdi o bebê. Um aborto espontâneo vez que fui maltratada no hospital que me atendeu, porque nunca é demais cogitar a violência obstétrica, por via das dúvidas poderia ter sido um aborto induzido.

            Esse feito inesperado fez que me perguntasse novamente o que eu queria – minha nova eu – em respeito a maternidade. Por um lado “o dever de ser”, enraizado por tantos anos na nossa cultura machista e patriarcal: a realização da mulher se dá com a maternidade. E por outro lado, toda a bagagem teórica adquirida no caminho da militância feminista.

            A pergunta que vale um milhão: O que eu realmente quero? A resposta não tenho, até o dia de hoje sigo me perguntando se ser mãe foi o que eu genuinamente queria.

            Apesar de não ter existido – nem existe no dia de hoje - uma resposta certa e clara, decidi que queria ter um filho. Me convenci disso.

 

A gravidez

 

            Rapidamente chegou, foi uma notícia feliz Essa rapidez fez com que quase fosse como uma só em comparação com a gravidez anterior – podíamos dizer que foi uma gravidez de elefoa – eterna. Decidi que não queria ler pilhas de livros sobre o tema, já tinha muitas dúvidas para colocar mais uma interrogação a uma questão tão complexa. Me deixava estressada só de pensar. Somente li alguns testemunhos – desencantadores decerto – de mulheres que falavam do tema sem nenhum tipo de reparo ao status quo ante.

            A realidade é que não foi uma gravidez complicada, mas sim com muitos medos pela perda recente da gravidez anterior.

            Não desfrutei, não gostei e duvido muito que passarei novamente por esta experiência.

            Trabalho com política, e no ano passado foi um ano muito particular na Argentina, houve eleições nacionais e em um contexto onde xs peronistas[6] tivemos que dar tudo[7]en la cancha”[8] para podermos ganhar. A gravidez te torna lenta e te restringe muitas atividades. Tudo custa o dobro, o pelo menos era assim comigo.

            Por outro lado xs medicxs, a verdade é que passei por várixs e novamente passei pela tão conhecida violência obstétrica, tive o privilégio de poder trocar e ir provando com diferentes profissionais. Reconheço que nunca cheguei a ficar conformada com este tema. Apesar de que com meu obstetra tenhamos terminado em ótimas condições, durante o processo nossa relação foi bastante turbulenta. Todas as relações que tive durante a gravidez foram turbulentas, eu estava turbulenta.

            Não era o eu de antes, estava possuída pelos hormônios, cansaço, as restrições (o cigarro!), a falta do meu corpo. Sim, este corpo que era meu, já não me pertencia.

            Soa egoísta, mas, de repente, ter que compartilhá-lo e não há saída.

            Todo este arsenal de sentimentos se volta muito mais pesado no momento onde não podes expressá-los. Porque se o faz és uma espécie de herege, queixosa, louca e malvada.

Bruxa.

            Nem se fala, em ter que escutar a toda horda de pessoas “bem-intencionadas” que dão as suas opiniões e conselhos, os mesmos que ninguém tenha pedido.

            Uma madrugada repentina e sem aviso, o bebê que ainda não tinha nome decidiu avisar que estava pronto para deixar o meu corpo e assim poder começarmos, ambxs, o processo de começar a ser dois seres individuais.

            Não sei porque razão nunca tive muito medo do parto, será por que a gravidez me aprecia tão feia, que o via como uma espécie de fim da tortura. Foi um parto lindo, correto amoroso e rápido. Respeitado. Muito privilegiado.

 

A maternidade

 

            De repente assim de um segundo ao outro, sem entender nada, você se converte em uma mãe.

            A primeira impressão quando vi o meu filho não foi como contavam nos filmes, uma conexão instantânea, não compreendia a situação. De repente eu tinha um bebê em cima de mim, roxinho, pequeninho (me caem lágrimas enquanto escrevo) e era meu – ou pelo menos neste momento-, e eu era a sua mãe.

            Após passar o efeito da anestesia[9]. Esse dia foram muitas pessoas, eu estava muito chateada. Não tinha ideia de nada, não podia dizer nada (repito porque era a minha única sensação em um loop eterno).

            A realidade começa no dia que você chega a sua casa, e segues sem entender nada.

            Agora sim, chega tudo junto: tarefas do lar venham a nós!

            Tudo o que eu disser aqui não soará estranho.

            Nos toca as mulheres levar a cabo todas as tarefas domésticas ou a grande maioria, não só porque os homens se desentendem (olá machismo) até porque também infalivelmente também estão infectados por este vírus terrível que é o patriarcado. Então se torna impossível não querer ser a mãe perfeita que faz tudo. Mas também, como não serei a profissional perfeita que tenho que ser?

            Bom, a realidade.

            Tudo não se pode.

            Tem que escolher, tem que entender que não se pode ser tudo, que somos seres falíveis. Contudo, que difícil isso, não?

            Creio que o pontapé inicial para poder alcançar é falar, poder o colocar em palavras, não guardamos nada e acompanhamos sempre. Tecer redes. Abraçar sempre a companheira que temos ao lado.

            Não há receitas mágicas, não há livros, artigo, nem contos que nos digam o que é correto.

            Ainda assim, conversemos, descarreguemos, escrevamos e acima de tudo sejamos sororas[10] e amplas.

 


[1]Josefina Maharbiz: Estudiante de Lic. en Gestión de políticas públicas, Diplomada en Géneros y movimientos feministas, Parte Creadora y Organizadora de la Feria del Libro Feminista (FilFem), Madre y Mujer feminista. Contacto: josefinamaharbiz@gmail.com .      Trad. Ana Clara O. Hallfeld.

[2]En el texto se utilizó lenguaje inclusivo como parte de la convicción que tengo como autora de su importancia que tiene este para evitar caer en el binarismo que nos acota las opciones genéricas.

[3]Carlos    Alberto García, conocido como Charly García (Buenos Aires, 23 de octubre de 1951), es unmúsico, compositor, multiinstrumentista,                  arreglistaautor,cantautoryproductorargentinode rock. Es considerado un ícono delrock argentino.

[4]NdeT:    Literal: […] una sociedad bisagra […].

[5]Noetinger es           una localidad argentina,           ubicada al sudeste de la provincia de Córdoba,       dividida entre los departamentos Unióny Marcos   Juárez.     Con una población estimada de 5000 habitantes.

[6]En muy resumidas cuentas el Peronismo es un movimiento político argentinosurgido a mediados de la década de 1940 alrededor de la figura de Juan Domingo Peróny un considerable número desindicatos. Hasta el día de hoy sigue vigente.

[7]“Dar todo en la cancha” es una expresión que usamos lxs argentinxs para decir que hacemos todo lo que está a nuestro    alcance para lograr nuestro objetivo.

[8]NdeT: Trata-se de um “angentinismo” referente ao campo de futebol que poderia ser traduzido literalmente como dar tudo no campo, para o português: dar tudo de si.

[9]NdeT:    “Tarde unas horas en caer”.

[10]NdeT:   De sororidade.

Eva colectiva

 


El contagio del ejemplo

 

Carolina Mariño

Colombia-Argentina


 

Quizás la decisión más difícil de mi vida y a la vez la más juzgada, la tomé pensando en una pregunta: ¿qué quiero que mi hija vea en mí? Esta pregunta es la que me persigue cuando requiero un empujoncito a la hora de tomar decisiones; y no porque lo que mi hija vea este por encima de lo que yo misma vea, si no que, esta pregunta se ha convertido en ese pequeño factor de desempate cuando las cosas no son tan claras.

La pequeña Silvia, es parte fundamental de mi vida, de mi inspiración, del coraje que se requiere para aportar a esta sociedad algo de equilibrio, algo de cambio, ese “granito de arena” que permite una construcción de pensamientos válidos y distintos.

Yo, la menor de tres hermanos, nacida en una ciudad pequeña, de una familia tradicional colombiana, con padres trabajadores, en un contexto marcado por el machismo, desde muy pequeña cuestioné el manejo familiar, situación que por supuesto generaba malestar en cada uno de sus integrantes, no solo en los adultos.

¿Cómo una niña de 7 años cuestiona a su madre por ser tan sumisa y no tener poder de decisión? ¿Por qué si tenía independencia económica era tan permisiva? Por supuesto era otra época y la dependencia no solo pasaba por lo económico, también y muy arraigado, pasaba por lo afectivo y lo social.

Realizar un corte sincrónico de la situación es sencillo y juzgarlo aún más, pero entre más conocía la historia de mi madre, más la entendía, más admiraba su batallar y comprendía lo que nos puede marcar nuestra propia historia, pero y aquí viene el pero, también a remarcar que si en verdad estamos decididos y confiamos en nosotros mismos, también la podemos cambiar.

            Fui avanzando según lo “normado”, estudié, me casé, tuve una preciosa hija (gracias a Dios!, no todas corren con la misma suerte) y cuando decidí continuar con mis estudios como previamente habíamos acordado con mi pareja, el “no” fue rotundo. “¡Pero si así estamos bien!” decía él y yo callaba y pensaba, porque tal vez tuviese razón, pero ¿porque me sentía tan intranquila?, pronto me di cuenta que el motivo era porque yo no estaba bien porque no me sentía bien.

¿Qué hacer? Cuando todos ven mi vida bien, menos yo. Eso me generó un serio cuestionamiento ¿lo que yo pensaba era correcto o estaría perdiendo mi cordura?  ¿O sería la mala madre creada y temida por nosotras mismas?

¿Por qué mi pareja me decía: ¡Pero si así estamos bien!?  ¿Alguien me había  preguntado cómo estaba yo? La respuesta era muy fácil, no.

 Cuando eres mamá, no pasas a un segundo plano, pasas como al quinto. No sólo pasa a ser prioridad el hijx, que es entendible, pasan por encima nuestro como una aplanadora de sueños otras prioridades que te van invisibilizando, y así, sin darnos cuenta, nos vamos difuminando para convertirnos en aquello que da soporte para que los demás puedan ser.

Y llegó el momento de actuar, en una época de tormenta en mi vida, con una nena pequeña, las metas personales aplazadas y poca empatía social, con el único apoyo de las amigas que mucho aparentemente no podían hacer, pero que fueron un motor incesante.

Yo había cumplido con una serie de compromisos  para que en familia pudiéramos viajar a Buenos Aires, en donde adelantaría mis estudios en psiquiatría, mi hija, ya con 2 años de edad, cuando hable con mi pareja para que coordináramos el viaje, pues ya era el momento de partir, y de nuevo volvió a responderme “¡pero si así estamos bien!”.

Luego de la previsible confrontación, me aclaró que él no pensaba viajar y que tampoco iba a permitir que yo me llevara a nuestra hija. En ese momento, destruida por la situación, aunque intuía tal respuesta, sentí un coraje particular y respondí con tal convicción que logré sorprenderme a mí misma, ¿qué quieres que mi hija vea en mí?, ¿qué quieres que mi hija aprenda de mí?  ¿Quieres que sea una mujer que haga caso a su marido y que sea una “buena esposa”? porque si es así con que termine la secundaria es más que suficiente y le enseñamos a ser “una buena esposa”, o ¿quieres una mujer autónoma, capaz de proyectarse más allá de su estado civil? Yo, sin duda alguna me encamino por la segunda opción y debo actuar en consecuencia, a esto es a lo que llamo coherencia.

Y es así como ser mamá y educar, para mí, implica ser coherentes. Podremos trastabillar, por supuesto, pero lo que debemos articular de la mejor manera posible es nuestro pensamiento con nuestro actuar, con nuestro ejemplo, es así como nos volvemos contundentes.

Con todo amor para Silvia, a quien deseo ver siempre amorosa, libre y feliz.

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